Texto e imagem por Igo Maia
Hoje eu sonhei com um sentimento, não havia forma tão pouco cor. Não havia cenas ou um roteiro, não havia rostos nem expressões. Só o sentimento pairando dentro de mim.
Ele pulsava e reivindicava seu espaço, evocava algo único, individual. O breu do quarto era luminoso se comparado com o profundo vazio dentro dos olhos.
O silencio da madrugada, era turbulento, caótico como um brado de mil ursos. Já dentro, a serenidade emitia uma nota única que de tão constante, se tornava imperceptível.
Mas não era um sentimento desprendido, sem rumo ou propósito.
Sentimentos nascem por metamorfose, e esse com certeza queria voar.
Ao acordar ainda assimilando os espaços entre “eu” e “mim”, notei uma curiosidade florescendo. Cada detalhe, enfeite, cores e histórias presentes no meu quarto, pareciam inéditas. Era como se fosse a primeira vez que eu vestisse o presente. Era como ser possuído pela luz, enquanto minha visão caminhava sobre o infinito vazio do espaço.
Saber, não é uma característica, é uma condição, assim como a felicidade e todas as outras coisas que derivam da mente humana.
Na quina da mesa, uma planta escorria suas folhas como cascata, entregando-as a gravidade. Havia cinco tonalidades de verde e dois de marrom. Seu vaso preto de plástico parecia emoldurar perfeitamente aquela tela. Eu olhei pra ela e logo quis respirar igual. Inspirações profundas como se o ar pertencesse ao meu peito, e não aos espaços externos. Cortejei a luz do sol, que entrava pelos meus melanócitos, e que alimentava algo maior que o estômago.
Me permiti a inercia, alguns minutos marmorizado, sem futuro, sem passado e sem qualquer linha de pensamento fixa. Eu era a planta.
Hoje eu sonhei com um sentimento.
E ele me curou.
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