Texto e imagem por José Eduardo de Oliveira
“Oprimidos, guardai vossas desavenças.” Bertolt Brecht.
Outro dia um ex-aluno me fez uma pergunta que levou a outra, a outras e várias dúvidas.
Que devo ler para entender sobre o fascismo e o bolsonarismo? O Bolsonaro é fascista ou é nazista? Já houve fascismo no Brasil? Em Patos tem fascistas?
Calma eu disse! Primeiro que não sei mais sobre algumas dessas coisas e as outras respostas não poderão serem aceitas por todo mundo. Então tentarei responder para você e para pessoas que acreditam em mim e na forma como eu escrevo. E que procuram, dentro possível encarar a realidade sem os filtros do poder.
Porque os bolsonaristas e as bolsonaristas que conheço, aliás, umas bem próximas de mim, só acreditam, primeiro, em Bolsonaro e em segundo e por causa dele, não acreditam em nada que seja contra ele e principalmente se for relacionado ao candidato Lula, que aliás, acreditam que é a pior coisa que pode acontecer e é o que mais temem para o Brasil é que ele seja reeleito. Se pergunto por que, eles temem que ele volte a roubar, que o comunismo seja implantado no Brasil, que ele fechará as igrejas, que os comunistas comem criancinhas, não que sejam pedófilos, como falaram desse presidente. E outras insanidades. Mas os verdadeiros motivos, dentre alguns, é que não querem perder o poder e o dinheiro que estão ganhando nos últimos quatro anos. Muito dinheiro. Dinheiro sujo.
A primeira pergunta é fácil, que livros ler sobre o bolsonarismo? E desde já disponibilizo infra, bibliografia e alguns textos que tenho acesso, alguns estão em PDF, entretanto, desde 2018, quando Bolsonaro foi eleito, os títulos aumentaram e muito, e a maioria são contra ele e o seu governo, porque, é muito difícil escrever alguma coisa positiva a seu respeito, sobretudo em relação ao seu comportamento letárgico e mortal diante da pandemia da Covid-19. E por outro lado, seu comportamento, racista, agressivo e despudorado contra tudo e todos, principalmente contra as mulheres, jornalistas, LGBTs e seus opositores.
Um dos poucos livros que o elevam, absurdamente à categoria de “mito”, é um escrito pelo filho, claro, e colaboradores de 2017, “Mito ou verdade”, uma espécie fajuta do “Mein Kampf” ou “Minha Luta”, idealizada por Adolf Hitler, quando ele estava no xadrez em 1924, depois de tentar dar um golpe de estado.
Tem um outro, de 2019, de Luiz Maklouf Carvalho, “O Cadete e o Capitão; a vida de Jair Bolsonaro no quartel.”, em que nos relata algumas peripécias do atual presidente enquanto ele estava na caserna, principalmente por ser um insubordinado contumaz, o que lhe valeu quinze dias de prisão, outras delas, talvez a mais digna de nota, foram os planos de explodir bombas em quarteis para protestar e conseguir aumento de seus soldos ou contra a corporação que hoje o acolhe como herói. Apesar de provas rigorosas e o processo contra ele, não deu em nada, e como geralmente acontece em corporações militares ou de segurança, ele foi promovido e enviado para a reserva depois de cerca de 18 anos como militar. Melhor nem comentar.
Aí o coitadinho virou político, vereador no Rio de Janeiro, onde aprendeu as manhas da coisa, e deputado federal por 27 anos, e na maioria dos casos, eleito por urna eletrônica e o mangango de boa. E agora o presidente da pandemia, o genocida, que quer ser reeleito, custe o que custar. O resto todo mundo sabe, mas os bolsonaristas e as bolsonaristas, que nunca ouviram falar e nada sabem sobre fascismo, nazismo, franquismo, salazarismo e varguismo, e têm raiva de quem sabe, querem reelegê-lo. Se isso não acontecer ele irá questionar as urnas que o elegeu várias vezes, inclusive presidente, ele pretende dar um golpe para se perpetuar no poder, como já alardeou aos quatro ventos, consideram que ele é melhor que Lula.
Quantos aos outros livros a relação está infra. Aproveitem, pois se houver um “Revertere ad locum tuum”, ou seja, que os mortos retornem ao cemitério, ele que provavelmente nunca leu um livro, mande queimar todos o que ele não gostou, mesmo não lendo, com fez Hitler e outras pessoas ao longo da História da Humanidade, exceto, o que se olha ao espelho: o mito dos mitos.
Sobre a pergunta: Em Patos tem fascistas? A História, como lapidou Cícero, que é a mestra da vida (historia magistra vitae), com o tempo nos dirá se algumas ervas daninhas da cidade, que se propugnam como salvadores e salvadoras da pátria, irão sobreviver.
OS MORTOS
“Foi como se naqueles últimos minutos estivesse resumindo a lição que este longo curso de maldade humana [o nazifascismo] nos ensinou – a lição da temível banalidade do mal, que desafia as palavras e os pensamentos.” Hannah Arendt
“Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar.” Fernando Pessoa
Antes de falar do fascismo criado por Benito Mussolini e do nazismo ou nacional-socialismo criado por Adolf Hitler, vamos falar de uma coisa que o bolsonarismo não se preocupa, nunca se preocupou: os mortos. Os mortos da Segunda Guerra mundial causada pelos nazifascistas.
Serei breve, pegarei apenas algumas fontes, porque elas são muito parecidas com todas as outras.
A primeira, onde nós mortais pedimos socorro, é a Wikipedia, que nos informa:
“As estimativas para o total de mortos na guerra variam, pois, muitas mortes não foram registradas. A maioria sugere que cerca de 60 milhões de pessoas morreram no conflito, incluindo cerca de 20 milhões de soldados e 40 milhões de civis. Somente na Europa, houve 36 milhões de mortes, sendo a metade de civis.” Entre os civis, claro, estão incluídos, as crianças, mulheres, idosos e o restante da população.
Uma outra fonte trás outros números, mas muitos semelhantes:
“A maior guerra da História é também a de maior número de vítimas: 55 milhões de mortos, 35 milhões de feridos e 3 milhões de desaparecidos. Nunca as perdas humanas entre a população civil haviam sido tão importantes: os ataques aéreos [cerca de 1 milhão e meio de vítimas civis], a luta de guerrilheiros ou partisans, os extermínios em massa [de 4 a 5 milhões de judeus], as deportações aos campos de trabalho e de concentração, as represálias e as imigrações ocasionaram a morte de uns 30 milhões de pessoas.” Sem contar os gastos e a destruição de cidades, campos de agricultura etc. [KINDER; HILGEMANN, 1983, p. 240.] E isso aconteceu com pessoas de todos os continentes, por isso foi chamada de Guerra Mundial, entretanto, a Alemanha nazista e Itália fascista, como causadores e perdedores, foram arrasadas material e moralmente.
E quem começou a Segunda Guerra Mundial? Resposta: a Alemanha Nazista, desde 1933, de Adolf Hitler. As causas foram inúmeras, mas sobretudo porque o ditador Hitler, depois de criar um estado totalitário, sentiu-se forte o bastante, e sua insanidade como o “Führer” ou líder, uma espécie de chefe com moral, poderia dominar o mundo.
Depois, Benito Mussolini, “Il duce” ou líder, fascista no poder desde 1922, engrossaria suas fileiras, após o início da Segunda Guerra em 1939. Daí pra frente, o caldo teria engrossado com o sangue de mais de 50 milhões de mortos. Hitler e Mussolini pensaram que seria só uma guerrazinha...
O FASCISMO, O NAZISMO E SEUS REBENTOS
O Partido FASCISTA foi fundado em 1919, pelo italiano Benito Mussolini [1883-1945], que já havia sido quase de tudo, desocupado, soldado, jornalista, socialista. Além de ter sido preso por agitação política inúmeras vezes. Em 1922, usando de todas as mentiras, truculências e violências possíveis, chega ao poder criando o “estado fascista italiano” onde permaneceria até sua vergonhosa queda em 1945.
O que foi o FASCISMO?
“Em geral, se entende por Fascismo um sistema autoritário de dominação que é caracterizado:
- pela monopolização da representação política por parte de um partido único de massa, hierarquicamente organizado;
- por uma ideologia fundada no culto do chefe, na exaltação da coletividade nacional, no desprezo dos valores do individualismo liberal e no ideal da colaboração de classes, em oposição frontal ao socialismo e ao comunismo, dentro de um sistema de tipo corporativo;
- por objetivos de expansão imperialista, a alcançar em nome da luta das nações pobres contra as potências plutocráticas; [militarismo, guerra]
- pela mobilização das massas e pelo seu enquadramento em organizações tendentes a uma socialização política planificada, funcional ao regime; [povo gado]
- pelo aniquilamento das oposições, mediante o uso da violência e do terror;
- por um aparelho de propaganda baseado no controle das informações e dos meios de comunicação de massa; [mentiras, mentiras e mais mentiras, hoje, fake News]
- por um crescente dirigismo estatal no âmbito de uma economia que continua a ser, fundamentalmente, de tipo privado;
- pela tentativa de integrar nas estruturas de controle do partido ou do Estado, de acordo com uma lógica totalitária, a totalidade das relações econômicas, sociais, políticas e culturais.” [SACCOMANI, 1977, p. 466]
O NAZISMO, diminuitivo de PARTIDO NACIONAL-SOCIALISTA DOS TRABALHADORES ALEMÃES, foi fundado em 1920, pelo austríaco, Adolf Hitler [1889-1945], que já havia sido quase de tudo, desocupado, soldado, artista plástico, socialista. Além de ter sido preso em 1923 por tramar um “putsch” ou um golpe de estado para derrubar o governo de Berlin. Em 1933, usando de todas as mentiras, truculências e violências possíveis, chega ao poder criando o “estado nazista alemão” ou o “Terceiro Reich”, onde permaneceria até sua vergonhosa queda em 1945, claro e uma mortandade de cerca de 60 milhões de mortos e um incontável número de mutilados e inválidos, saldo da Guerra que ele engendrou.
O que foi o NAZISMO?
Pode-se dizer, que as ideias dos fascistas foram todas utilizadas por Hitler, que copiou e melhorou as premissas de Mussolini, ou seja, a criatura superou o criador.
As palavras-chaves do nazismo são: nação, raça, espaço vital [Lebensraum]. a comunidade do povo (Volksgemeinschaft), liderança, ação, autoridade, sangue e terra, frente e batalha.
Tanto o nacionalismo agressivo alemão, quanto a doutrina do espaço vital, ou seja, a expansão territorial estariam ligadas à derrota que sofreu na Primeira Guerra Mundial [1914-1918], que levariam automaticamente ao militarismo característico do nazismo.
O nacionalismo antieslavo, e antissemita, dos nazistas levaria ao racismo e depois aos campos de concentrações para os judeus, e também à ideia básica de Hitler era a de manifestar o princípio expansionista do Estado nacional mediante o princípio imperialista do predomínio dos elementos "superiores" biológica e racialmente, orientando seus ataques contra os eslavos, racialmente "inferiores". Ou seja, um darwinismo social nacionalista, racista.
Entre os fatores que caracterizam os inícios do Nacional-socialismo cumpre ressaltar o papel relevante desempenhado pela ascensão espetacular e pela veneração quase religiosa do Führer, baseado completamente no princípio do líder. Ao centro de tudo encontrava-se a figura de Adolf Hitler. Em termos de psicologia social, ele representa o homem comum, em posição de subordinação, ansioso para compensar seus sentimentos de inferioridade através da militância e do radicalismo político. Seu nascimento na Áustria, seu fracasso na escola e na profissão e a experiência da camaradagem masculina durante a guerra, forjaram, ao mesmo tempo, sua vida e a ideologia do Nacional-socialismo. [BRACHER, 1977, p. 806-812]
Entretanto, o FASCISMO, teve outros rebentos, dentro ou em outros lugares fora da Europa, inclusive no Brasil. E eles ainda não param de nascer, como se houve um banco de espermas de Mussolini e Hitler, e de tempos em tempos liberam alguma matriz que fecunda, não úteros, mas cérebros de serpentes shakespearianas.
Um deles foi o português, António de Oliveira Salazar [1889-1970], seu regime, o SALAZARISMO, iniciado em 1928, mas implantado de fato em 1932, duraria até 1968, foram 36 anos, e o seu “Estado Novo”, aos moldes do fascismo, infernizaria, não só a vida dos portugueses na Europa, mas também os que moravam em suas colônias africanas e asiáticas. Não sei se vale à pena ressaltar os últimos dias desse déspota desalmado que não largava o osso descarnado e humilhado da nação portuguesa, mas irei relatar.
Ao fim da década de sessenta, o regime já não era o mesmo, a senilidade de Salazar prejudicava gravemente o próprio salazarismo. A mudança ocorreu da maneira menos esperada. Nos primeiros dias de setembro de 1968, Salazar caiu de uma cadeira, batendo a cabeça no chão, depois que ele teve uma hemorragia cerebral, foi substituído por Marcelo Caetano. Entretanto se o ditador caducou e caiu, o regime só cairia no dia 5 de abril de 1974, com a Revolução dos Cravos. [MARQUES, 2016. P. 199-218]
Outro filhote dos fascismos europeus, foi o espanhol, Francisco Franco [1892-1975]. Este só implantaria o seu regime, o FRANQUISMO, em 1939, e só deixaria o poder com a sua morte em 1975. Entretanto, a Espanha, desde que a monarquia foi derrubada em 1923, não teria um só minuto de paz em muitas décadas.
Dentre outros problemas, a Guerra Civil [1936-1939], entre os republicanos e os nacionalistas. Em 1937, aconteceu o sangrento bombardeio à cidade de Guernica, depois eternizada numa tela de Picasso. Este massacre foi perpetrado por Franco, com o auxílio de aviões de Hitler, e serviu de experimento e treinamento dos pilotos alemães para outras carnificinas. Ele só não matou mais do que a Gripe Espanhola, porque só assassinou em seus territórios. [GARZA, 1987.]
O NAZIFASCISMO, aportaria nesse nosso solo pátrio, claro, do jeitinho brasileiro, com Getúlio Vargas [1882-1954]. Este, depois da chamada Revolução de 1930, um golpe de estado, começaria a urdir o que ficaria conhecido em nossa História como VARGUISMO ou GETULISMO, primeiramente ficaria no poder até 1945. Depois voltaria eleito pelo voto de 1951 a 1954.
Neste ínterim, sobretudo após 1937, com o chamado “Estado Novo”, adotaria medidas nazifascistas, inspiradas em Mussolini e Hitler. Claro, que com as devidas características, varguistas, por exemplo, não teremos um partido específico e nem o apoio irrestrito das massas. Mas claro, perseguiu também os comunistas, intelectuais, para variar, e a censura foi violenta.
Vargas também extinguiu os partidos, nomeou interventores para os estados, com exceção, de Minas, pois o patense-bondespachense, Olegário Maciel, seu aliado, seria o único governador a permanecer no cargo até a sua morte em 1933. E um outro detalhe, até 1942, ora era simpatizante dos nazistas, ora dos capitalistas.
Enquanto isso, azeitava ou vaselinava sua relação com os trabalhadores com uma legislação trabalhista favorável a eles, criando o salário-mínimo em 1940 e a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em 1943.
Um fato interessante, deste período foi a criação em 1932, por Plínio Salgado [1895-1975], da agremiação fascista, AIB-Ação Integralista Brasileira, chamada de INTEGRALISMO, apesar de ter apoiado Vargas, o partido foi proibido como todos os outros partidos, levando ao rompimento com o ditador em 1938. [SOLA, 1985. P. 256-282]
As hordas fascistas de Mussolini adotaram um uniforme com “os camisas negras”, o símbolo dos fascistas era um feixe de varas, “fascis”, atadas a um machado; as hordas nazistas de Hitler um uniforme com “os camisas pardas”, o símbolo dos nazistas era a suástica ou a cruz gamada; as hordas integralistas de Plínio Salgado, “as camisas verdes”, o símbolo dos integralistas foi a letra grega sigma e as hordas protofascistas de Bolsonaro por preguiça ou mau-caratismo mesmo, adotaram “as camisas verde-amarelas” da Seleção Brasileira, como se somente eles fossem os verdadeiros torcedores por um Brasil melhor, mesmo que agindo como torcidas organizadas do mal. O símbolo dos protofascistas bolsonaristas até onde eu sei, é uma mãozinha com o dedo indicador em forma de arminha. Sem contar que todos esses irresponsáveis inicialmente antes e depois de chegarem ao poder cooptaram o que de pior havia e ainda há em suas sociedades. Sobretudo oportunistas venais e gananciosos.
E hoje no Brasil?
Um espectro protofascista ronda o Brasil, o espectro do bolsonarismo.
A história da ascensão do fascismo e do nazismo hoje é por demais conhecida por todos. Nenhum italiano iria adivinhar o mal que Mussolini causaria e nem os alemães a desgraça que se abateria sobre eles pós-Hitler. Entretanto, o fascismo ronda a Itália e já está com as patas em suas instituições. Na Alemanha, os neonazistas rondam os incautos. Mas os alemães estão vigilantes. Aliás, alguns animais bolsonaristas, que fazem uso de tudo deturpando tudo, sem mesmo lavar suas bocas, estão usando uma frase atribuída da Thomas Jefferson, “O preço da liberdade é a eterna vigilância”, só que eles não sabem ou fingem não saber, eles candidatos à tirania, que essa frase foi escrita exatamente, para que homens livres se precavessem contra os tiranos absolutistas.
Entretanto, Jair Messias Bolsonaro, foi eleito e desde que assumiu a presidência da República tem demonstrado com suas ações, atos e palavras que quer o poder absoluto. E, nesse caso, sempre, tenho de repetir aquela velha frase daquele florentino, Nicolau Maquiavel [1469-1527], “os fins justificam os meios.”, mas as palavras exatas que ele escreveu em 1513, foram:
“Nas ações de todos os homens, máxime dos príncipes, onde não há tribunal para que recorrer, o que importa é o êxito bom ou mau. Procure, pois um príncipe, vencer e conservar o Estado. Os meios que empregar serão sempre julgados honrosos e louvados por todos, porque o vulgo é levado pelas aparências e pelos resultados dos fatos consumados, e o mundo é constituído pelo vulgo, e não haverá lugar para a minoria se a maioria não tem onde se apoiar.” [MAQUIAVEL, 1974. p. 93].
E todos e todas sabem em quem votar e os seus motivos. Meu velho pai, mesmo sem ter o “primeiro grau”, e sendo um homem rude, tinha um bordão: “Contra a ignorância”, não há argumento.
E hoje no Mundo?
Antes de pegarmos uma jardineira e irmos para os Patos, mais duas ou três palavras do livro, “Como as democracias morrem”:
“Se, 25 anos atrás, alguém lhe descrevesse um país no qual candidatos ameaçam botar seus rivais na cadeia, oponentes políticos acusam o governo de fraudar resultados eleitorais ou de estabelecer uma ditadura e partidos usam suas maiorias legislativas para o impeachment de presidentes e usurpação de cadeiras da Suprema Corte, você pensaria no Equador ou na Romênia. Provavelmente, não teria pensado nos Estados Unidos. [....] Ao longo dos últimos 25 anos, democratas e republicanos se tornaram muito mais do que apenas dois partidos competidores, separados em campos liberal e conservador. Seus eleitores encontram-se hoje profundamente divididos por raça, religião, geografia e mesmo ‘modo de vida’.” [LEVITSKY; ZIBLATT, 2018, P. 161].
Este livro, de 2018, desses autores não previram, mas felizmente, o fascistóide, Donald Trump, perdeu as eleições para Joe Biden que assumiu a presidência em 2021. Mas também infelizmente, não previram a eleição de Jair Bolsonaro. Mas indicaram ali, “os quatro principais indicadores de comportamento autoritário” em um político, e a carapuça serve direitinho em Bolsonaro:
“1. Rejeição das regras democráticas do jogo (ou compromisso débil com elas);
2. Negação da legitimidade dos oponentes políticos;
3. Tolerância ou encorajamento à violência;
4. Propensão a restringir liberdades civis de oponentes, inclusive a
mídia.” [LEVITSKY; ZIBLATT, 2018, P. 70-1].
PATUREBISMO, DOENÇA INFANTIL DO BOLSONARISMO?
“Não pode haver dúvidas, a meu ver, de que os conceitos de Deus, de pátria e de família, passiveis das mais diferentes interpretações e abertos a vários significados [...] assumem um prepotente e descarado valor reacionário. As três noções, reforçando-se mutuamente, tornam-se substância e acabam por indicar, portanto, ideias dotadas de uma ‘eterna’ consistência própria, indiferentes ao fluxo dos fenômenos e impermeáveis à mudança histórica. Em outras palavras, se vistos separadamente, o Deus, a pátria e a família podem ser plurais, dialéticos, dinâmicos; se declinados no paradigma ternário, tornam-se exclusivos, absolutos, despóticos. Ou seja, significam que existe um único Deus, que podemos ter uma única pátria e que só é admissível um único tipo de família.” Antonio Scurati – 2022
“Não existe desinformação inofensiva; acreditar na falsidade pode ter consequências calamitosas.” Papa Franciso, in: KAKUTANI, 2018.
O prefeito - “que tem acesso ao presidente Bolsonaro” - dessa outrora gloriosa e progressista, Santo Antônio dos Patos da Beira do Rio Paranaíba, pelo menos em seus albores, onde nascemos, não só gravou vídeos em apoio aos desprojetos do genocida [será mesmo que ele não tem projetos, Mussolini tinha? Hitler tinha? Franco tinha? Salazar tinha? Vargas tinha?], junto com o atual governador de Minas, o que parece matuto e capiau, mas não é, como também arrebanhou uma horda de prefeitos caipiras da região “do Alto Paranaíba” para um baixa-calças ao “Mito” e mico da caserna, dentre eles, por ordem de aparição no vídeo que circulou como cloroquina nos momentos mais críticos e desesperadores dos brasileiros e brasileiras: Matutina, Serra do Salitre, Tiros, Lagoa Formosa, São Gonçalo do Abaeté, Lagamar, Guimarânea, Presidente Olegário e Coromandel. Teve um que tinha como pano de fundo um imenso tanque de guerra. Será que ele pensa em invadir Patos ou a Ucrânia? Ou o Palácio da Alvorada ou o STF, como aquela turminha do Trump?
Antes dele, pré-candidatas patenses também gravaram vídeos com o misógino presidente da República em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres. Uma inclusive gravou um vídeo fazendo um apelo messiânico, damarico, para uma cruzada anticomunista.
Sem contar que pessoas que tiveram seus labirintos históricos sexistas e raciais renegados em vídeos patéticos, como se tivessem passado por lavagens cerebrais ou outros tipos de lavagens.
E agora, no último dia 17/10, as “Mulheres com Bolsonaro”... “em defesa da vida e da família”...realizaram.. “Primeiro Encontro de Mulheres Patriotas em Patos de Minas” ... “Vista suas cores verde e amarelo e venha mostrar a força feminina do nosso país”. Assim mesmo com letra minúscula. E um detalhe, na “Praça da Catedral”, poucos dias depois do presidente iconoclasta chafurdar no Santuário de Nossa Senhora da Aparecida, o maior templo católico do Brasil.
Claro, respeito o direito delas, afinal, minhas conterrâneas bolsonaristas, não se furtaram ao debate e à visibilidade, ao contrário de minhas conterrâneas petistas, que ainda não apareceram, ainda.
Mas quase tivemos, uma nova velha “Marcha da família com Deus pela liberdade”, como a que ocorreu em 19 de março de 1964, em São Paulo, rumo à Praça da Sé, e que resultou, não em liberdade, mas vinte anos de ditadura militar. Que atraso dessas honoráveis senhoras, ainda seguem o lema da velha TFP (Tradição, Família e Propriedade), fundada em 1960, e manipulada por famigerados generais que usaram e ainda usam os mesmos argumentos. Qual é mesmo?
DIGRESSÃO: - desde tempos imemoriais, seres humanos usam a religião para oprimir seus semelhantes e se manterem no poder. E os sacerdotes e pastores sejam do judaísmo, cristianismo, islamismo, protestantismo e outros ismos ditos sagrado, têm sido o azeite para oprimir e explorar quem verdadeiramente acredita em alguma divindade e em uma vida após a morte melhor que a que tiveram aqui na Terra. Mas atualmente e há muito tempo, velhacos e vendilhões de templos apenas ludibriam fiéis para se elegerem e enriquecerem, já que apenas o dízimo e outras oferendas não satisfazem suas gulas pelo vil metal e outros confortos terrenos, sejam eles sagrados ou profanos. Amém. Se Cristo ou Lutero voltassem hoje à Terra pensariam que voltaram foi para o inferno de Dante Alighieri ou a uma pintura de Hieronymus Bosh, entretanto, não encontrariam, nenhum político, nenhum pastor evangélico e outros, todos corruptos – o próprio presidente e sua gangue pessoal e o centrão, deputados, senadores, governadores, prefeitos, vereadores -, apenas estariam ali, os mesmos que sofreram e foram explorados em vida na Terra por estes mesmos monstros.
Mas, não posso me esquecer de um outro episódio desse velho e amado feudo. No dia 17 de setembro, ao referir-se aos nossos conterrâneos, uma professora e intelectual patense, talvez um das mais lúcidas das muitas que ainda respiram por aqui, que sobreviveram à Covid 19, escreveu um pequeno artigo, em alusão ao vergonhoso e triste de 7 setembro [Das ratazanas podres] do “imbrochável, “A VIRILIDADE DO MITO E A IGNORÂNCIA DO DEVOTO”, onde dentre outras lamentáveis e verídicas palavras, ela escreveu:
“Alguns membros do agronegócio local, homens e mulheres de minha aldeia, mostraram imagens em profusão no Instagram, semana passada. Animados, vestidos de verde/amarelo, com bonés, bandanas, bandeiras, botons e sorrisos, embarcavam para os eventos convocados pelo capitão-presidente-candidato. Não posso deixar de imaginá-los a gritar energicamente a palavra que acreditam atestar a saudável vascularização da zona inferior do tronco presidencial. Gritavam alto e forte, como se isso representasse também a energia libidinal de todos os machos alfa de caminhonete, botas, fivela e chapéu do Brasil.[...]”
E assim, essas Senhoras da Catedral, não por coincidência, por suposto, exatamente um mês depois, no morno 17 de outubro, infestaram e infectaram o adro sagrado da Catedral e voltam a se manifestar e a defender, não as cores verde e amarelo, mas “o imbrochável.” Falofilia? Imbrochávelfilia?
E dizem, ou melhor, alguém que estava lá, presenciou que as nobres senhoras, não respeitaram o culto religioso que estava em andamento naquele momento e também os alunos e alunas da Escola tiveram de ser dispensados devido à pacífica algazarra das Senhoras de Verde e Amarelo. Desta feita em nome de Deus, perturbaram o Culto na Catedral, em nome da Família fizeram com que estudantes tivessem suas aulas interrompidas e em nome da Pátria usaram as cores “auriverde pendão da esperança” para fins escusos, ou seja, arrebanhar pessoas e votos para “o imbrochável”.
Oh! Deus onde estás que não respondes? Catilinas, até quando abusarão de nossa paciência?
Eu amo essa cidade, ela é tipo um laboratório, só que não produz remédio não, nem vermífugos para tratar Covid, produz criaturas, umas sublimes, outras diabólicas, anjos e demônios, por assim dizer, umas de QIs elevadíssimos outras retardadas da cabeça feitas por elas mesmas. E, o que escreveu, o patense, Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, em seu artigo, “Retrocesso civilizatório: povo brutalizado.”, sobre o que os bolsonaristas fizeram, estão fazendo e farão, serve para Patos de Minas: “...uma grande quantidade de seres teratológicos se sentiram à vontade para assumirem uma versão na qual ser medíocre é um passaporte para ser medíocre nesse grupo.” Aqui, o laboratório produz seres teratológicos, ou melhor retira uma pele das serpentes e elas ficam parecendo novas, todas verde-amarelo-fakes. Eu sou um pouco, diabólico e retardado, também da cabeça, claro sou eleitor, perdi a noção das coisas, eu o Juca M. Não é?
Sou uma espécime que deu errado, mas que ainda penso, para poder existir, um bode clonado com grandes chifres que se alimenta de cacos de litros de Jack Daniel’s, garrafa de 51, 29, e puro malte quando tenho oportunidade e de milho do agronegócio de quinta que não será exportado, mas consumido aqui mesmo… E só não puxo carroças, porque elas não existem mais. Mas imagino que criaturas essas criaturas patenses, patifes ou patriotas e outros bípedes, irão gerar de seus sêmens e ventres? Algumas lerão Mein Kampf, a Bíblia de Estudo/Mensagem, Olavo de Carvalho ou cartas do Tarô? Ou apenas epitáfios, mais epitáfios, como se tivesse havida uma peste negra ou uma pandemia...
Repito, eu amo essa cidade, mas aqui sempre foi um lugar atrasado e sabujal, quando se fala em questões políticas. Antes a coronelada e suas ilustres famílias tradicionais se alternavam no poder, majores, capitães que nunca usaram fardas. Depois a rapaziada ou a velharada e velhacada, do PSD e UDN, fizeram o mesmo. A seguir, a Ditadura Militar [1964-1985] que silenciou os que sempre lucram e calou a boca dos que tiveram que calar. De vez em quando aparecia um ou outro, dizendo acabar com os velhos coronéis, e sob a reluzente e fake roupagem do novo, mas com carnes carcomidas com o atraso, o conservadorismo e a ultradireita voraz e inclemente do bolsonarismo mais enrustido ou feroz. Assim começaram a tecer o mais abjeto paturebismo bolsonarista.
Quantos desses jovens e velhos, que desfilam em suas camionetes dupladas, com bandeiras da Nação no capô, e bandeiras do Brasil na fachada de suas mansões e prédios e treizoitão na cintura, já leram ou lerão um livro? E as respeitáveis senhoras da catedral, algumas ou muitas com diplomas de cursos superiores, que livros leram nas últimas décadas? Abaixo apresento algumas sugestões, recentes e antigas...
Lembrei aqui das Troianas, de Eurípedes, elas não conjuraram, clamaram e chamaram a guerra como disse “el jefe” do executivo patense, que bradou às margens emporcalhadas do Rio Paranaíba como se ainda estivesse em uma irresponsável assembleia do movimento estudantil e não na administração de uma das mais importantes cidades de Minas: “A guerra começou.”
Lembrei-me da troiana Hécuba, que perdeu o marido, as filhas, os filhos, as noras e o neto, a sua cidade e o solo pátrio, que foi arrasado pelos gregos. As outras troianas foram escravizadas ou se mataram, para não serem transformadas em escravas e concubinas. Mulheres honradas. Menos Helena que trouxe os inimigos para gineceus outrora puros.
Aqui as patenses do adro chamam para seus lares a guerra, e consequentemente as mortes de seus entes queridos, porque assim “o que não passará” ordena. Sem contar as mulheres de Atenas, ou da catedral ludibriadas por seus maridos imbrocháveis do Alto Paranaíba. Algumas, fazem apenas parte daquele laboratório, de um departamento chamado, fogueira das vaidades. Mas lembrem-se do: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade.” [Vanitas vanitatum, et omnia vanitas – Eclesiastes, 1:2]. E lembrem-se patenses da Catedral e seus maridos, que essa cidade, não é mais curral, não é só de vocês e nem nunca será, isso aqui não é o seu Porto Real, o seu “Kings Landing”, não. Qualquer dúvida, para esclarecer a ingente luta de nossos antepassados para que essa Catedral fosse erguida, é só consultar, dentre outros os livros de OLIVEIRA MELLO, 1983; FERNANDES, 2012 e o de QUEIROZ, 2015. E provavelmente, todos e todas vocês sequer estavam no canal seminífero de seus e nossos imbrocháveis ancestrais que edificaram, não só esse majestoso e respeitável templo neogótico e outros, destinados a outros cultos e sem contar, nossa avenida Getúlio Vargas [aliás um ex-ditador fascista], casas de moradas, edifícios comerciais, becos e vielas, e alguns butiquins, é claro.
Repito, amo essas minhas plagas, gente de mãos calejadas e mulheres virtuosas, mães de filhos e filhas da mesma estirpe, simples, mas honradas. São Calpúrnias, verdadeiras, não precisam parecer honestas porque elas sempre foram honestas. Aqui “nos Patos” estão depositadas minhas memórias, meu passado, meus antepassados e meus sonhos e ideais.
Mas essa “nossa querida Patos de Minas”, para citar alguns poucos exemplos, sempre votou na reação e no conservadorismo, patriarcal, racista, machista e escravocrata [quem se lembra de Madalena? A senzala dela ficava ao lado da Cadedral...], que pouca coisa ou quase nada trouxe para cá. Votaram em Collor, Jesus amado. Votaram em Caiado. [desculpem a cacofonia inevitável.] Etc., Etc...
Mas nossos varões ilustres sempre foram assim, uns oportunistas, outros ratazanas e outros covardes. Outros poucos exemplos, porque são muitos, foi quando Vargas, que já estava no poder desde 1930, depois de ludibriar seus amigos integralistas decretou o Estado Novo uma ditadura fascista no dia 10 de novembro de 1937, que duraria até 1945 quando ele foi deposto.
DIGRESSÃO - E também, não se iludam, o paturebismo ou o fascismo patense não nasceu nos últimos anos não, com os “outdors” de alguns bolsonaristas de “vanguarda” e nem com as últimas eleições municipais não, ele teve sua gênese com a criação da “Legião Mineira”, em fevereiro de 1931, durante o governo do patense que também não é patense, mas de Bom Despacho, o “Presidente Olegário”, ou Olegário Dias Maciel. Assim, com o beneplácito de Olegário, os “legionários” moveram violenta perseguição aos adversários. “Além disso, criaram um cargo paramilitar semelhante ao das organizações fascistas europeias, adotando inclusive o uniforme cáqui que envergavam os nazistas em ascensão na Alemanha.” [ABREU, 2001.P. 3418]
“Getúlio Vargas gostava de ter poder e após governar provisoriamente [de 1930 a 1934] e constitucionalmente ele queria ter poder total. E para isso articulou “maquiavelicamente” e no dia 10 de novembro de 1937, fez publicar no Diário Oficial da União uma nova Constituição, cercou e dissolveu o Congresso Nacional e anunciou em cadeia de rádio o Estado Novo, um regime ditatorial que duraria até 29 de outubro de 1945 quando ele seria deposto pelas forças armadas.” [OLIVEIRA MELLO; OLIVEIRA; SILVA, 1996. p. 225]
Assim, já que havia sido indicado para ser interventor do município em 1930 por Getúlio Vargas, o prefeito Camundinho, como era chamado Clarimundo José da Fonseca Sobrinho, permaneceria como um peão, um títere, também depois de 1937, até a deposição de Vargas. Ele e todos os políticos ou quase todos enfiaram a viola no saco e as mãos nos bolsos e tiravam apenas para aplaudir, Vargas, o imbrochável de 1930 a 1945... Entretanto, ele voltaria em 1950 e, em 1954, meteria uma bala de 32, diga-se de passagem, em seu peito varonil de gaúcho de São Borja. Iriam tirar ele do poder novamente, preferiu suicidar-se.
DIGRESSÃO - Em 2022, publicou-se no Brasil o livro, “Doze Césares”, livro genial da historiadora britânica também genial, Mary Beard, que nos mostra não só os bustos e estátuas de césares pequenos e grandes, mostra também o fim que levaram esses 12 tiranos: 8 foram assassinados, 3 se suicidaram e só um morreu de morte natural. Mas o destino de tiranos e genocidas em todas as épocas não foi e será sempre esse? Mussolini foi linchado e exposto em praça pública juntamente com sua amásia, Clara Petacci; Hitler suicidou-se com um tiro na cabeça, Eva Braun sua esposa suicidou-se com veneno ao seu lado, para ficar apenas com esses dois genocidas “patriotas”, insanos e patéticos...
Depois, quando no dia 31 de março de 1964, com um Golpe, os militares com o apoio, como sempre de empresários oportunistas, deram um golpe e depuseram o presidente João Goulart. Assim começaria uma noite indescritível de mais de vinte anos. Os partidos foram extintos, criaram outros de mentira e eleições mais mentirosas ainda continuaram existindo até à redemocratização, que querem destruir de novo. Os que eram ricos, ficaram ainda mais ricos e os mais pobres caíram na miséria.
E apenas para constar, porque os mais novos nunca souberam e os mais velhos fizeram questão de esquecer, neste triste período cinco militares exerceram a presidência da República eleitos indiretamente: Marechal Castello Branco (1964-1967); General Costa e Silva (1967-1969); General Emílio Garrastazu Médici (1969-1974); General Ernesto Geisel (1974-1979); General João Baptista de Oliveira Figueiredo (1979-1985).
E quem era o prefeito neste período era Pedro Pereira dos Santos, e assim, de cabeças baixas como sempre, os patenses do executivo e legislativo e os “donos da cidade” receberam o golpe de braços abertos, a vergonha, deixou os aposentos do executivo e do legislativo, como hoje, e resumidamente foi assim que aconteceu em 1964:
“A Câmara estava em recesso, quando volta, convocada em sessão extraordinária, no dia 2 de abril de 1964, através do Ofício 480/64 do Prefeito Pedro Pereira dos Santos que, inclusive, logicamente se encontrava presente. Esta convocação foi “em virtude do estado de emergência em Minas Gerais, agravado com a atual situação nacional e visando ‘manter a tranquilidade e a calma na família patense’.”
“Usa da palavra, sequentemente, o vereador Dr. Mário da Fonseca Filho para elogiar a atitude tomada pelo Exmo. Sr. Dr. José de Magalhães Pinto, Governador do Estado de Minas, [um dos líderes golpistas, tipo o Romeu Zema daqueles dias] nos acontecimentos políticos que estão a abalar a Nação brasileira, requerendo, ao final, fosse-lhe enviada uma mensagem de aplausos e solidariedade do Legislativo Patense. Em discussão, manifesta-se o vereador José Anicésio Vieira que subscreve integralmente, em nome da bancada pessedista, o requerimento. O vereador Hilário André de Oliveira apresenta uma emenda, no sentido de que tal mensagem fosse, igualmente enviada, aos Governadores dos Estados de São Paulo, Goiás e Guanabara e ao General Amaury Kruel. [outro golpista]Em votação, foram aprovados o requerimento e sua emenda. Sequentemente o vereador José Maria Vaz Borges requer a inclusão, nos Anais da Câmara, da ‘Proclamação’ do Sr. Governador de Minas, publicada no jornal ‘Estado de Minas’ no dia 31 de Março, próximo passado, apresentando ainda o seguinte requerimento: ‘Exmo. Sr. Presidente. Exmos. Srs. Vereadores; No dia 14 de julho de 1932, o então Presidente Olegário Dias Maciel, assinava, em nome dos mineiros, em nome de Minas Gerais, uma proclamação, na qual iniciava assim dizendo; ‘Minas ainda uma vez cumprirá o seu dever. E o dever de Minas, neste momento, é aquele sagrado impulso que a compeliu, a 3 de outubro de 1930, para a revolução.’ Agora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vendo ser assinado pelo Senhor Governador do Estado, o Eminente Dr. José de Magalhães Pinto, uma proclamação aos mineiros, cujas palavras ecoaram pelo Brasil afora, alertando as forças vivas da nacionalidade e da democracia. Eu, político que não comungo com os mesmos propósitos partidários do Senhor Governador do Estado de Minas, no entanto, vejo nesta hora grave da Nação, um só objetivo, que é a consolidação ou a reimplantação da democracia em nossa Pátria. Muita vez já discordei do Senhor Governador de Minas e é, por isso mesmo, um propósito elevado, sincero, que venho, em meu nome pessoal, parabenizar com todas as medidas tomadas e executadas pelo Sr. Magalhães Pinto, em defesa da legalidade, em defesa da paz, da tranquilidade de nossa gente. Oxalá, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que, desta grande arrancada cívica, iniciada em Minas Gerais, possamos usufruir dias melhores para o nosso povo, hoje sofrido e espoliado, cujas causas a nossa pouca inteligência está longe de perceber, de compreender. Que o novo estado de coisas possa ser, de fato, a concretização de nossos anseios, a libertação de nossa terra, e traga-nos a felicidade que procuramos e sonhamos nesta terra de Santa Cruz. Sr. Presidente, ao final requeiro que seja inserido em Ata, nesta sessão Extraordinária de nossa Edilidade, um voto de aplauso ao Sr. Governador do Estado de Minas, pelas medidas adotadas e pela defesa do Regime, bem assim pela proclamação do dia 30 de março, cuja íntegra solicito seja inserida nos Anais de nossa Casa.”. [...]
Vereadores presentes nesta reunião: José Daniel Beluco, Olegário Caetano Porto, José Anicésio Vieira, Mário da Silva Filho, Zama Maciel, Antônio Maria de Souza, Hilário André de Oliveira, José Maria Vaz Borges e Antônio Cirino Sobrinho. [...]
No dia 2 de maio aconteceu “1ª sessão da 2ª Reunião Ordinária de 1964”, no entanto os trabalhos foram suspensos, “por falta de matéria a ser estudada”.
O Presidente, em sessão de 18 de maio, dá conhecimento à Casa da viagem que ele, juntamente com o Sr. Prefeito Municipal, fizeram à Capital da República, com o fim de convidar o Chefe da Nação a assistir às solenidades que se verificarão por ocasião do aniversário da Cidade, no dia 24 de maio próximo vindouro, esclarecendo na oportunidade, que o convite foi recebido pelo Chefe da Casa Civil da Presidência da República, pois se encontrava ausente da Capital o Exclentíssimo Sr. Presidente da República.” [OLIVEIRA MELLO; OLIVEIRA; SILVA, 1996. p. 327-330]
Assim, mais uma vez, em 1964, em nome da democracia, acabaram com ela...
E só.
Entretanto, como disse o Prof. Daniel Amorim Gomes, vereador em Patos de Minas, e um dos poucos que naquela casa cumpre com honra, lucidez e dignidade o papel para o qual foi eleito:
“Eu não acho que política seja uma guerra. Mais que isso, eu não acho que eleições possam ser comparadas a uma guerra. As eleições são chamadas comumente em nosso País de a festa da democracia. Quem diz, começou agora a guerra, se sente autorizado à violência representadas em inúmeras falas do atual chefe do Executivo Nacional. Senhor Luís Eduardo Falcão, eleição não é guerra, o Senhor recentemente declarou aqui em nossa cidade que estava começada a guerra. Eleição é momento de disputa de projeto, eleição é momento de disputa de concepção de País, de disputa de que se quer para o Brasil, por isso desafio o mais radical bolsonaristas dessa casa [...] a elencarem para mim duas políticas robustas formuladas no governo Bolsonaro pra área da educação, digo ainda, a condução do atual presidente na pandemia foi responsável direta por mais de cem mortes, digo ainda, o atual presidente é responsável por levar metade dos lares brasileiros a passarem pela situação de insegurança alimentar, seja ela grave, intermediária ou leve, por essas e outras razões, eu como homem público, eu me sinto no dever de declarar aqui como muita serenidade o meu voto no presidente Lula 13.”
Então, no dia 30 de outubro vamos para as eleições para votar e não para a guerra. São os meus votos, de patense, de mineiro e de brasileiro!
VOTO LULA, DIGITAREI 13.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA - FASCISMO, NAZISMO E PATUREBISMO
ABREU, Alzira Alves de. [et. al.]. Olegário Maciel. In: Dicionário histórico-biográfico brasileiro pós – 1930.2.ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2001.
ADORNO, Theodor W. Aspectos do novo radicalismo de direita. São Paulo: UNESP, 2020.
ADORNO, Theodor W. Educação e emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020.
ALBRIGHT, Madeleine. Fascismo : um alerta. São Paulo: Planeta, 2018.
AOS NOSSO AMIGOS, crise e insurreição. São Paulo: n-1 edições, 2016.
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
ARENDT, Hannah. Homens em tempos sombrios. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
BARROS, Celso de Barros. PT, uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
BEARD, Mary. Doze césares: imagens de poder do mundo antigo ao moderno. São Paulo: Todavia, 2022.
BENJAMIN, Walter. Teorias do fascismo alemão. In: BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994. P.
BOYD, Andrew; MITCHELL, Dave Oswald. [Orgs.] Bela Baderna; ferramentas pra revolução. São Paulo: Edições Ideal, 2013.
BRACHER, Karl Dietrich. Nacional-socialismo. In: Dicionário de política. 10.ed. Brasília: UNB, 1977. V. 2. p. 806-812
BRAY, Mark. Antifa: o manual antifascista. São Paulo: Autonomia Literária, 2019.
BRECHT, Bertolt. Poesia. São Paulo: Perspectiva, 2019.
CARONE, Edgard. A Terceira República [1937-1945]. Rio de Janeiro: DIFEL, 1982.
CARONE, Edgard. O Estado Novo [1937-1945]. Rio de Janeiro: DIFEL, 1976.
CARVALHO, Luiz Maklouf. O Cadete e o Capitão; a vida de Jair Bolsonaro no quartel. São Paulo: Todavia, 2019.
CARVALHO, Olavo de. A nova era e a revolução industrial. 4. ed. Campinas: Vide Editorial, 2014.
CARVALHO, Olavo de. O Jardim das aflições. 4. ed. Campinas: Vide Editorial, 2015.
CARVALHO, Olavo de. O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. São Paulo: Record, 2018.
CASTELO, Rodrigo. O social-liberalismo; auge e crise da supremacia burguesa na era neoliberal. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2013.
CHÂTELET, François; DUHAMEL, Olivier; PISIER-KHOUCHNER, Evelyne. História das ideias políticas.2.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990.
CHEVALLIER, Jean-Jacques. As grandes obras políticas: de Maquiavel a nossos dias. 3.ed. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1973.
DAVIDSON, Arnold I.; LEVINAS, Emmanuel; MUSIL, Robert. Reflexões sobre o Nacional-socialismo. Belo Horizonte: Editora Âyiné L.T.D.A., 2016.
ECO, Umberto. O fascismo eterno. In: Cinco escritos morais. Rio de Janeiro: Record, 1998.
EURÍPEDES. Duas tragédias gregas Hécuba e troianas. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
FERNANDES, Nilson André. A História da Diocese de Patos de Minas. Patos de Minas: Ed. do Autor, 2012.
FERRO, Marc. História da Segunda Guerra Mundial. São Paulo: Editora Ática, 1995.
FEST, Joaquim. Hitler. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017. Vol. 1 e 2. [PDF]
GARZA, Hedda. Francisco Franco. Rio de Janeiro: Abril Cultural, 1987.
GOODSPEED, Coronel D. J. Conspiração e golpe de Estado. Rio de Janeiro: Editora Saga, 1966.
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere. Volume 2: Os intelectuais. O princípio educativo. Jornalismo.2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. [cópia]
GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. 4.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982.
GRAMSCI, Antonio. Maquiavel, a política e o estado moderno. 3.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
HITLER, Adolf. Minha luta. São Paulo: Centauro, 2016.
HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos; o breve século XX: 1914-1991. 2.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
HARTENIAN, Larry. Mussolini. Rio de Janeiro: Abril Cultural, 1990.
KAKUTANI, Michiko. A morte da verdade; notas sobre a mentira na era Trump. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018.
KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de la Revolución Francesa a nuestros días. 11. ed. Madrid: Ediciones Istmo, 1983.
LAMOUNIER, Bolivar. Getúlio. Rio de Janeiro: Abril Cultural, 1988.
LENHARO, Alcir. Nazismo: “o triunfo da vontade”. 6.ed. São Paulo Editora Ática, 1998. [xerox]
LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
LOSURDO, Domenico. Democracia ou bonapartismo; triunfo e decadência do sufrágio universal. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2004.
MALAPARTE, Curzio. Técnica do golpe de estado. Portugal: Publicações Europa-América, 1983.
MANN, Michael. Fascistas. Rio de Janeiro: Record, 2008.
MAQUIAVEL. O Príncipe. Rio de Janeiro: Editora Três, 1974.
MARQUES, A. H. Oliveira. Brevíssima história de Portugal. Rio de Janeiro: Tinta-da-China, 2016.
MARX, Karl. O 18 de brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011. P. 25.
MOTIM E DESTRUIÇÃO agora. São Paulo: n-1 edições, 2017.
MUSSOLINI, Benito. A Doutrina do Fascismo. In: Fascismo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019.
NETO, Lira. Getúlio: do Governo Provisório à ditadura do Estado Novo [1930-1945]. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
OLIVEIRA MELLO, Antônio. A igreja em Patos de Minas. Patos de Minas: Edição da Escola Estadual “Cônego Getúlio”, 1983.
OLIVEIRA MELLO, Antônio de; OLIVEIRA, José Eduardo de; SILVA, Paulo Sérgio Moreira da. Uma história de exercício da democracia : 140 anos do legislativo patense. Patos de Minas: Câmara Municipal de Patos de Minas, 1996.
PACHUKANIS, Evguiéni B. Fascismo. São Paulo: Boitempo, 2020.
PALLA, Marco. A Itália fascista. São Paulo Editora Ática, 1996.
PAXTON, Robert O. A anatomia do Fascismo. São Paulo: Paz e Terra, 2007. PDF.
PESSOA, Fernando. Mensagem. São Paulo: Abril, 2010.
PESSOA, Fernando. Sobre o fascismo, a ditatura portuguesa e Salazar. Rio de Janeiro: Tinta-da-china-Brasil, 2017.
PARIS, Robert. As origens do Fascismo. São Paulo: Editora Perspectiva, 1993.
QUEIROZ, Sebastião Cordeiro de. Patrimônio de Santo Antônio: do sítio ao templo. Patos de Minas: Grafipres, 2015.
SACCOMANI, Edda. Fascismo. In: Dicionário de política. 10.ed. Brasília: UNB, 1977. V. 1. p. 466-475.
SCHWARCZ, Lilia M.; STARLING, Heloísa M. (Orgs.) Dicionário da República; 51textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
SCHWARCZ, Lilia M.; STARLING, Heloísa M. Brasil: uma biografia. 2.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
SCURATI, Antonio. M, o filho do século. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.
SCURATI, Antonio. M: o homem da Providência. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2022.
SCURATI, Antonio. Queremos mesmo isso? O triunfo da direita pós-fascista. In: piauí_outubro. N. 193, out./ 2022. P. 58-9.
SILVA, Benedito [Coord.]. Integralismo. In: Dicionário de ciências sociais. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1986.
SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Getúlio a Castelo [1930-1964]. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
SNYDER, Timothy. Sobre a tirania; vinte lições do século XX para o presente. São Paulo Companhia das Letras, 2017.
SOLA, Lourdes. O golpe de 37 e o Estado Novo. In: MOTA, Carlos Guilherme. Brasil em perspectiva. 15.ed. São Paulo: DIFEL, 1985.
STANLEY, Jason. Como funciona o Fascismo; a política do “nós” e “eles”. 3.ed. Porto Alegre: L&PM, 2019.
TRINDADE, H
TRÓTSKI, Leon. Como esmagar o Fascismo. São Paulo: Autonomia Literária, 2018.
TRÓTSKI, Leon. O Fascismo o que é e como combatê-lo. In: Fascismo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019.
WEPMAN, Denis. Hitler. Rio de Janeiro: Abril Cultural, 1987.
ZETKIN, Clara. Como nasce o Fascismo. São Paulo: Autonomia Literária, 2019.
E quem se interessar sobre uma pequena bibliografia do LULISMO, BOLSONARISMO E OUTROS FDPUTISMOs, é só consultar:
http://eduardotouca.blogspot.com/search?q=lulismo
8 Comentários
Sacristão vc é fodaaaaaaa que TEXTO. ❤❤❤
ResponderExcluirA única coisa ruim desse texto é que os bolsominions não irão lê-lo e caso tentem jamais o entenderiam. Eu sou uma das petistas que vc disse que ainda não apareceu. Trabalho pra bolsominion, minha filha idem.A perseguição nessa campanha está implacável. Está nojenta! Não , meu amigo Eduardo, amigo de livros e livrarias, não tem como assumir meu voto. Não meu amigo Eduardo, não amo mais essa terra do milho e digo mais, daqui me envergonho e gostaria muito de partir. Na verdade, partida estou.
ResponderExcluirTexto primoroso, didático e muito esclarecedor. Uma autêntica aula de História mostrando o que é o fascismo e o nazismo e quanto tais ideias e práticas abjetas estão entranhadas no Brasil. A cadela do fascismo gerou filhotes a beça nessa idiocracia fascistóide miliciana brasileira. Patos de Minas segue sendo a cidade mais mitosa da região, de modo que sempre mita na bizarrice e em todo tipo de atraso e escrotidão. Patos de Minas historicamente está sempre na vanguarda de todo tipo de retrocesso.
ResponderExcluirQuero aproveitar aqui, para sugerir aos que leram este texto um filme que estreou essa semana no Prime Vídeo: “ARGENTINA, 1985”. Segundo a apresentação do filme, “ ‘Argentina, 1985’ é inspirado na história verídica de Julio Strassera, Luis Moreno Ocampo e sua equipe de jovens juristas, heróis improváveis que travam uma batalha de Davi e Golias na qual, sob ameaças constantes e contra toda as possibilidades, ousam processar a ditadura militar mais sangrenta da Argentina e embrenham-se numa corrida contra o tempo para fazer justiça às vítimas dos militares”.
ResponderExcluirO filme trata do julgamento de 9 militares-presidentes sádicos torturadores que depois de um golpe militar em 1976, implantaram uma perversa ditadura até 1983. Talvez, os que negam que no Brasil teve um ditadura militar mais longa e cruel [1964-1985] e/ou, os que querem a sua volta, se comovam ou pensem melhor em implantar outra aqui, já que o atual presidente além defender uma ditadura, elogia os torturadores daquele período mais sombrio de toda nossa História.
Saudações, José Eduardo de Oliveira. Gostei muito do texto, das referências históricas que requerem mesmo registro. Nunca me iludi em relação ao comportamento conservador, racista, homofóbico da sociedade patense. Senti na pele a discriminação. O que importa, contudo, é o conteúdo. Parabéns. Concordo com vc em grande parte do texto. Uma luz na escuridão do pensamento retrógrado dos nossos conterrâneos, diante do qual sinto-me impotente. Mas no direito de externar minha opinião contra a burrice política dominante em nossa cidade! Abraço!
ResponderExcluirComentário acima de José Humberto Fagundes!!!
ResponderExcluirPS. - Apenas para lembrar, outras das centenas e centenas de atrocidades desumanas cometidas pelo nazifascismo em seus laboratórios da perversidade:
ResponderExcluir“A Segunda Guerra Mundial despontou após a invasão nazista na Polônia em setembro de 1939 [...] Durante meia década seguinte, os nazistas e seus aliados matariam mais ou menos 200 mil ciganos, 200 mil “deficientes” físicos e milhares de homossexuais, esquerdistas muitos outros dissidentes, enquanto a “solução final” de Hitler assassinou 6 milhões de judeus em câmaras de gás, esquadrões de fuzilamento, desnutrição e falta de tratamento médico nos imundos guetos e campos de concentração, espancamentos ou trabalhando com desespero suicida até a morte. [...]
Então, essas são as apostas dessa conversa. Quando falamos de fascismo, não devemos nos afastar muito, no pensamento, das pessoas que coletaram os cabelos, dentes de ouro e sapatos daqueles que eles exterminaram. Quando falamos de antifascismo, não devemos esquecer que, para muitos, a sobrevivência foi a personificação física dessa luta. [...]
Finalmente, vamos acender uma vela para todas as vítimas do Holocausto, incluindo aqueles que caíram nos levantes armados nos campos de concentração e guetos de Bialystok, Varsóvia, Cracóvia, Bedzin, Czestochowa, Sosnowiec, Sobibor, Treblinka e Auschwitz.” [BRAY, 2019. P. 101-2]
POST SCRIPTUM
ResponderExcluirPOST SCRIPTUM
Alertado pelo professor Altamir Fernandes de Sousa por dois motivos. O primeiro é que não respondi condignamente e claramente a questão: Em Patos tem fascistas? E outra que eu ignorei sobre o Hino de Patos de Minas.
Primeiramente, quando menciono que, "E também, não se iludam, o paturebismo ou o fascismo patense não nasceu nos últimos anos não, com os “outdors” de alguns bolsonaristas de “vanguarda” e nem com as últimas eleições municipais não, ele teve sua gênese com a criação da “Legião Mineira”, em fevereiro de 1931, durante o governo do patense que também não é patense, mas de Bom Despacho, o “Presidente Olegário”, ou Olegário Dias Maciel. Assim, com o beneplácito de Olegário, os “legionários” moveram violenta perseguição aos adversários. “Além disso, criaram um cargo paramilitar semelhante ao das organizações fascistas europeias, adotando inclusive o uniforme cáqui que envergavam os nazistas em ascensão na Alemanha.”, respondi mais ou menos que Patos de Minas, teve fascistas, e que o mais ilustre adepto da Legião Mineira, Olegário Maciel, era representante do Integralismo, o nosso fascismo meia boca.
E segundo, também, fui alertado, que o nosso Hino Municipal de Patos de Minas, escrito por Zama Maciel, sobrinho de Olegário Maciel, e escrito em 1968, traz uma frase que é repetida quatro vezes no Hino do fascismo de Benito Mussulini, Giovenizza, de 1922: "Primavera de beleza." E um outro detalhe, a música composta pelo Bispo Dom André José Coimbra, é um plágio escancarado da música do Hino Fascista. Ou seja desde a década de vinte, os fascistas estão entre nós. E cem anos depois, eles brotaram como cogumelos venenosos antes e depois de 2022, alguns foram eleitos, outros foram presos e ainda permanecem, por tentativas de Golpe de Estado.
A banalidade do mal, como preconizou Hannah Arendt, faz parte desses insensatos, insanos e perigosos conterrâneos.
Obrigado por comentar!