Teu toque, minha trégua;
Suor, saliva e seiva.
Minha sede tua água;
Refresca, esfrega, enxágua.
Nos nós, emaranhados nós!
Num laço cego e estático, movimentamos a alma profunda;
Profanamos o venerado plástico das relações;
Imergimos no que pode se chamar de “o outro”.
Cabe a mim sentir os tons do seu cheiro e delirar meu instinto no arco de suas curvas;
Cabe ao meu instinto, adentrar nos seus olhos e revogar o sagrado.
E como num conto cristão, o céu se abre, e o maná de tuas nuvens escorre fino a matar minha fome voraz.
Sambamos um tantra, valsamos o blues;
A música se dobra pra dançar nossos corpos;
O vento entra, pede licença e nos beija no fogo;
O céu chove e eu chovo logo depois de você;
E como em toda chuva, a selva celebra a abundância;
O trasbordo é uivado pelas flautas de nossos timbres;
E o folego lívido de tanto ofegar, sucumbe brando no entrelaçar dos dedos;
No nó selado, renegado a se soltar.
Natural de Vazante, Igo Maia residente em Patos de Minas desde 2019, é músico e compositor e trata a poesia como uma religião.
🦆
Apoie o jornalismo independente colaborando com doações mensais de a partir de R$5 no nosso financiamento coletivo do Catarse: http://catarse.me/jornaldepatos. Considere também doar qualquer quantia pelo PIX com a chave jornaldepatoscontato@gmail.com.
0 Comentários
Obrigado por comentar!