Por Caio Machado
O comunicador Flavio Sousa foi remanejado do cargo de colunista que ocupava no programa Debate 98 transmitido na Rádio Clube 98,3 FM, após a polêmica causada mediante a leitura de um texto que criticava a postura da elite de Patos de Minas em relação ao combate do novo coronavírus.
Logo no início da fala, o repórter cita a morte de uma mulher pobre de 33 anos em decorrência da COVID-19 ocorrida na última sexta-feira (10) e que no dia seguinte, um hospital privado realizou testes rápidos do vírus e uma fila de carros de luxo se formou no local. Por fim, durante a noite, uma festa com centenas de pessoas foi encerrada pela fiscalização da prefeitura.
Ele atribui os trágicos episódios às recentes manifestações contra o fechamento do comércio realizado pelo empresariado do município, afirmando que isto só condenaria os menos favorecidos à morte. Pois seria uma “dupla sacanagem” os pobres precisarem trabalhar para se manter e não dispor de um sistema de saúde decente.
“Quem tem dinheiro fica em casa e vai ser mais bem assistido (...) quem tem dinheiro, testa a família toda. Outros da elite, se refugiam nas fazendas e por lá ficam até o pior passar. A cidade inteira sabe até de médicos e de outros abastados, que ó, picaram a mula e só saem (...) para buscar mantimentos. Aliás, mandam um lacaio”, disse.
Flavio chama os patenses flagrados promovendo festas clandestinas de criminosos e justifica o termo citando o artigo 268 do Código Penal que disserta que "infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa rende uma pena de detenção, de um mês a um ano, e multa”.
Sobre as manifestações dos empresários pedindo pelo direito ao trabalho, o colunista sugere que os participantes dos atos, salvo exceções, são os mesmos que mandam pessoas trabalharem para eles e ainda dispõem de dinheiro para executar testes rápidos do coronavírus, que chegam a custar mais de 200 reais, portanto, estariam despreocupados com a saúde e os próprios empregos.
A preocupação do empresariado, nas palavras de Flavio, seria com as quedas dos lucros. “Uma minoria bem poderosa quer a vida normal, porque continuarão seguros nos seus lares e nas suas fazendas. Enquanto o trabalhador, esquecido e sem nenhum amparo, se arrisca para manter a renda dele e girar a roda da fortuna, em troca de uma fatia pequenininha dos rendimentos”.
Ele continua a fala dizendo que se a preocupação fosse mesmo com a saúde, todos adeririam ao Minas Consciente, projeto de retomada econômica elaborado pelo governo do estado. O repórter cita ainda que possivelmente os manifestantes votaram em Romeu Zema e Jair Bolsonaro e que os mesmos não teriam coragem de cobrá-los por respostas eficazes no combate à pandemia.
O discurso de Flavio Sousa foi encerrado com a sugestão de que todo esse cenário seria ainda favorável para o fortalecimento de candidatos despreparados. “Vocês estão servindo de púlpito para candidatos burros e desesperados e também despreparados. E lá na frente, vocês é que serão prejudicados pelas próprias escolhas”.
O discurso do articulista foi ao ar na edição do Debate 98 da manhã desta última segunda-feira (13) e teria passado despercebido por grande parte dos patenses, porém um vídeo com o texto na íntegra foi publicado na página oficial do Facebook da emissora e viralizou.
A publicação, que até o encerramento desta reportagem, contava com cerca de três mil visualizações, rendeu 81 curtidas, 47 compartilhamentos e 24 comentários. Boa parte do debate resultou em elogios à fala de Flavio, mas alguns dos comentários feitos pelos membros da rede social criticavam a postura do comunicador.
Um dos usuários disse que Flavio também estaria sendo explorado pela elite da cidade por estar trabalhando na rádio e alegou que a mesma deveria fechar, assim com o comércio, pois além de ultrapassada “serve mais para uso político (e) não parece ser de primeira necessidade”.
A discussão continuou em aplicativos de mensagens como o WhatsApp, em que além de ser enaltecida, a opinião de Flavio também foi posta à prova. Em um dos grupos, uma pessoa também atentou pelo fato de que o repórter não poderia estar criticando os comerciantes por também trabalhar na rádio e se expor ao COVID-19.
Ela disse ainda, equivocadamente, que a citação inicial do texto “os pobres de tão pretos e pretos de tão pobres” se trataria de um posicionamento racista de Flavio. Porém o termo é uma referência cultural que faz alusão à canção “Haiti” de Caetano Veloso, que justamente critica a majoritária pobreza do país atrelada, principalmente, à população afrodescendente.
Um dia após a repercussão, a Rádio Clube se posicionou alegando que a fala do repórter não representa a linha editorial da emissora. O comunicador Jota Ramalho chegou a ler o texto na íntegra durante o Debate 98 desta terça-feira, que ocorreu sem a participação de Flavio.
“Nota da direção da Rádio Clube
Sobre a repercussão da fala do jornalista Flavio Souza ontem, 13 de julho, no programa Debate 98, a direção da Rádio Clube reitera que não se trata de opinião da emissora, tratando-se de livre manifestação do pensamento do profissional, sempre permitida por essa empresa em toda sua história, e em especial neste programa, criado para dar espaço a todas as vertentes de pensamentos.
Entretanto entendemos que houveram excessos e palavras mal colocadas, que acabaram ofendendo pessoas, principalmente ligadas ao nosso valoroso e pujante comércio local, a quem a Rádio Clube pede desculpas.
Deixamos nossos microfones abertos para os representantes do comércio que queiram expressar seus pensamentos e debater as saídas para a crise a qual vivemos.
A Rádio Clube é e continuará sendo um espaço democrático da comunidade patense para o debate de ideias, porém sempre prezando pelo respeito e sem abrir mão da ética.”
O texto acima não cita o que aconteceu em relação ao cargo ocupado por Flavio Sousa na emissora. Ele não chegou a ser demitido, porém foi afastado do Debate 98 e continuará exercendo apenas a função de noticiarista, privando-se de emitir opiniões em programas futuros da programação da Rádio Clube 98,3 FM.
36 Comentários
Quem se sentiu constrangido com o comentário que ocupe o microfone da emissora e faça as contestações mas que apareça quem e qual parte da fala da constatação do jornalista o ofendeu e onde ele está mentindo. Porque salvo me engano acaba de ser constatado que um empresário da cidade está com covid ė descumprindo as normas de isolamento.
ResponderExcluirFalou tudo
ExcluirAgora me diga onde ele mentiu?
ResponderExcluirApoio total ao comunicador
ResponderExcluirAgora e pecado ser rico...
ResponderExcluirCaro, de forma alguma seja pecado a riqueza. Desrespeito ao trabalhador, que sem opção de melhor salário (porque muitos têm qualificação), se submetem ao trabalho com salário pífio oferecido pelos empresários escravocratas dessa cidade.
ExcluirParabéns para este jornalista quero conhece lo
ExcluirPrecisamos de gente assim ele falou tudo Uque gostaríamos de falar EA PURA verdade
ExcluirAbaixo a lei da mordaça.
ResponderExcluirConcordo plenamente com posicionamento dele.
ResponderExcluirAdmiro muito o repórter Flávio e faço as palavras dele minhas palavras.
ResponderExcluirExcelentes pontuações do jornalista. Trouxe dados e situações reais que presenciamos no dia dia de nossa cidade. Todo o meu reconhecimento e admiração!
ResponderExcluirVejo o programa todos os dias na radio justamente pra ouvir a opinião dele,que por sinal é franco e verdadeiro e não passa a mão na cabeça de ninguém.
ResponderExcluirA VC desejo tudo de bom e continue assim, e de pessoas assim que estamos precisando...
Obg !!
Os idiotas que falam que pequenos empresários que lutam no dia a dia para manterem suas portas abertas, com certeza nunca geraram um emprego na vida. Quem achar que é fácil, vá se aventurar a ser empresário, pagar aluguel, funcionários, impostos, etc..
ResponderExcluirainda bem que nem perco meu tempo ouvindo essas radios que defendem a elite mais que na verdade a mesma elite nem os ouvem os idosos e menos favorecido deveriam era boicotar essa emissora de rádio
ResponderExcluirSábias palavras,pena que a liberdade de expressão não pode ser colocada em prática.
ResponderExcluirFalou bonito, agora vai censura os comunicadores
ResponderExcluirO repórter trouxe fatos e por ser algo que incomoda a minoria que possui poder econômico na cidade o mesmo sofreu tal consequência. Claro, que se fosse alguma reportagem como disse a rádio "ofendendo" o proletariado não teria ocorrido essa repercussão. A verdade é que vivenciamos essa gritante diferença social que vem deixando cada vez mais óbvio que quando alguém se arrisca em mostrar uma das muitas vertentes da hipocrisia que vive nossa sociedade onde o lucro é mais importante que 1, 2, 3... 70 mil vidas... Afinal, o rico tem seu pomposo plano de saúde com cobertura de exames, tratamento e um leito de CTI, caso precise. E o proletariado? Pra onde vai? Vai pra um leito em um hospital lotado, caso consiga, lógico... Ah, e se precisar de CTI é esperar alguém falecer ou aguardar longos dias até que alguém estabilize o quadro de saúde para ceder a vaga, e lógico, pode ser que até esse dia esse indivíduo não tenha resistido.
ResponderExcluirIndependente de classe social ou profissão o que devemos é perceber que se todos não conscienzarem do que é essa doença continuaremos nesse vai e vem de picos COVID 19, mortes e consequências irreversíveis.
Gostei muito da iniciativa do repórter e acho que poderia abrir um leque para debates saudáveis para expandir a mente de uma população que vive coberta pelo véu da ignorância que é tecido por uma política sensacionalista e intocável.
#SomosTodosFlavioSousa
ResponderExcluirApesar de discordar em alguns pontos com o jornalista, acredito que um programa de debates é aberto para todos darem sua opinião, independente de qual seja, desde que não seja extrapolado o bom senso. No momento em que o comunicador expõe seu posicionamento contrário a parte do empresariado e é penalizado por isso, somos convidados a refletir qual é a finalidade dos meios de comunicações. Será que estes realmente prezam pela veracidade das notícias ou ao mencionar pessoas influentes da cidade são tendenciosos? Lamentável! Precisamos de mais profissionais como esse na imprensa local! 👏🏼👏🏼
ResponderExcluirAos proprietários desta emissora, que reveja a vossa postura. Onde o senhor jornalista mentiu? Se fossem honestos, como sempre dizem em palanques e propagandas eleitorais, ja que está chegando perto do período eleitoral né, aí fica fácil ou posso dizer, difícil ouvir verdades né. Repensem. Ou a verdade dói?
ResponderExcluirLamentável vermos isso ainda no século 21, pura censura com quem expôs suas idéias, e diga-se de passagem, fatos verídicos, falta muito disso na nossa cidade, no nosso país, gente que toque nas feridas da minoria que se acomoda nas costas da grande maioria que necessita vender a dignidade para poder ter o pão sobre a mesa... Essa rádio perdeu um ouvinte, não precisamos de pessoas a nos manipularem, essa é apenas mais uma que quer fazer isso, se dizem democráticos e basta um profissional dizer verdades que os incomoda e fazem tirar o jornalista do cargo.
ResponderExcluirEspero que a população apoie esse rapaz e que ele consiga passar por isso numa boa, por mais gente de verdade, #somostodosflaviosousa
Só li verdades! Parabéns ao Flavio
ResponderExcluirSó li verdades #somostodosflaviosousa
ResponderExcluirSó li verdades #somostodosflaviosousa
ResponderExcluirSó li verdades #somostodosflaviosousa
ResponderExcluirNão que eu escute muito rádio, mas há profissionais desses que tem feito uma promoção enviesada pelos lados do bolsonarismo e de certa forma com um negacionismo insistente na cidade. Eu os considero, em parte, responsáveis pelo desastre da contenção de infeções durante a pandemia por que ao contrário de mim muitas pessoas ouvem frequentemente rádio, e o desfavor está justamente no teor maldoso dessas colocações, já que posicionamentos sensacionalistas são mais agradáveis para aqueles menos esclarecidos. Mas esses que disparam absurdos e ataques o tempo todo nem sequer são canetados, são na verdade muito aplaudidos. É claro, estando muito bem escorados pela velha política e por um público cegado pelo bolsonarismo são todos vistos como heróis da cidade.
ResponderExcluirSilenciar o Flávio Sousa diz muito sobre a elite que ele acabara de denunciar. Mesquinha, egoísta e manipuladora, introjeta no povo seus ideais indigestos e classistas, solapando como sempre a estrutura democrática e de justiça social.
O Flávio é o único repórter, que eu conheça, da rádio local que se prestou a ser coerente, impessoal e apontar os problemas ideológicos e de fanatismo da nossa cidade e se empenhando significativamente para levar informações que sejam saudáveis para a saúde pública.
Resta apenas agradecer pelo trabalho prestado e demonstrar que houve pessoas que se sentiram representadas pela sua coragem.
O que dizer de um dos melhores radialistas dos últimos tempos, dizer que a rádio clube de Patos é um espaço democrático e no dia seguinte tirar o Flávio Sousa "o âncora" do programa é demais.
ResponderExcluirProgramas como este de debate se coloca em questão diversos tipos de interpretação e abre espaço pra todos, mesmo as pessoas ou instituições que se sentirem ofendidos tem o direito e obrigação de posicionar seus comentários.
Este tipo de atitude, só demonstra que manda quem pode e obedece quem tem juízo e coloca em cheque o que pode ou não ser falado, pois os outros repórteres não tem coragem de ser cincero como ele. José Afonso com o rabo preso na Unipam e além de ser funciorio público na Câmara municipal.
Isso só vem a confirmar que o coronelismo do Elmiro Nascimento, com seu grande rol de contatos na sociedade e de grande indiceríndice de reclamações não aguentou, principalmente em ano de eleição, em algumas vezes que o próprio Elmiro foi intrevistado ele questionava certas coisas que nem eu teria coragem de perguntar, muitas vezes deixando este ex-deputado sem argumentos (olha que se tratava do seu chefe).
Este programa que viralizou e bateu todos os recordes de audiência agora não passará de uma palhaçada de folhetos prontos e censurados.
O departamento comercial da emissora cedeu às pressões de empresários inescrupulosos. Lamentável. O jornalista foi punido por cumprir seu dever.
ResponderExcluirUm absurdo! O Flávio representa hoje, sem sombra de dúvidas, o que ha de melhor na comunicação regional, exatamente por incentivar uma discussão que poucos fazem. #somostodosflaviosousa
ResponderExcluirQuando ouvi a fala dele, pensei" iiiiii vai ser mandado embora, porque essa rádio é assim, se não falar só o que eles querem, tá fora.PARABENS AO RADIALISTA.
ResponderExcluirNossaaa... a rádio assinou um atestado de puxa saco de burguês!
ResponderExcluirInfelizmente as pessoas não podem manifestar as suas opiniões. Vivemos em um país que todos tem que ter as opiniões dos políticos.Se não seguir é afastado ou demitido do emprego. As pessoa não enxergam o que está acontecendo no governo desse que se diz presidente do Brasil.
ResponderExcluirParabéns ao Flávio Souza sou super fã dele , espero que volte para o debate sou sua fã crisssssssd
ResponderExcluirQue hipocrisia o cara falo a verdade pq ,a rádio e de um dos ricaços q a anos c esconde de patos não faz nada pelo povo ,onde eles estão, desculpe as palavra mais vai tomar no cu desse bando de desgraça, o cara da a sua opinião e é censurado, isso e correto agora ele deve falar o q a rádio quer o que os ricaço ladrão quer ,ppr isso o brasil ta do jeito q ta e a tendência é so piorar ,com tanta desigualdade e humilhação q o povo tem que aceitar ,vão tudo pro quinto dos infernos raça de goma e colarinho branco
ResponderExcluirInfelizmente vivemos em uma sociedade em que vc falar a verdade,e nao puchar o saco dos representantes da elite escravocata,vc e massacrado.
ResponderExcluirObrigado por comentar!